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  • Palombar

Grifo com 22 anos beneficia de campos de alimentação do Projeto LIFE Rupis

Atualizado: 18 de jan. de 2019

Um grifo (Gyps fulvus) com 22 anos de idade tem beneficiado, nos últimos anos, dos Campos de Alimentação para Aves Necrófagas (CAAN) geridos pela Palombar - Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, no âmbito do projeto “LIFE Rupis – Conservação do Britango (Neophron percnopterus) e da Águia-perdigueira (Aquila fasciata) no vale do rio Douro” (www.rupis.pt) e do “Grupo Nordeste” – Grupo para a Promoção do Desenvolvimento Sustentável. O avistamento de um exemplar tão velho desta espécie é surpreendente e, ao mesmo tempo, fascinante.



O grifo tem um estatuto de conservação “Quase Ameaçado” em território nacional, de acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal.  A idade máxima conhecida que esta espécie já atingiu foi de 41 anos, em cativeiro. Contudo, a sua idade máxima registada no meio natural é bastante inferior: 25 anos. O grifo tem ainda uma Generation Length (GL) ou “Duração de uma geração”, em tradução livre, de 17,8 anos.


A GL é uma informação fundamental para a ecologia populacional, bem como para avaliar o estado de ameaça das espécies e refere-se à idade média dos progenitores da coorte atual (i.e. dos indivíduos acabados de nascer). A duração do tempo geracional reflete, portanto, a taxa de renovação dos indivíduos reprodutores numa população.


Só no mês de setembro, este grifo foi captado duas vezes, nos dias 10 e 19, pelas câmaras de foto-armadilhagem colocadas pelos técnicos de monitorização de fauna selvagem da Palombar num CAAN localizado no concelho de Bragança. O mesmo animal visitou ainda os CAAN geridos pela Palombar, nos concelhos de Mogadouro e Alfândega da Fé, em 2016, por três vezes, nos meses de agosto, outubro e novembro.


A visita deste animal aos CAAN é reveladora da importância destes campos para a conservação desta espécie e do amplo impacto que o projeto LIFE Rupis tem tido, desde que foi implementado, em 2015, na preservação de várias aves de rapina e necrófagas ameaçadas não só na Península Ibérica, como também na Europa.


O seguimento deste grifo só tem sido possível graças ao recurso à anilhagem da ave. Este grifo foi anilhado em 1996, quando tinha 1 ano de vida, em Montes de Jerez de la Frontera, em Cádis, Espanha. A entidade responsável pelo anilhamento e por centralizar as informações relativas à monitorização deste animal é a Estação Biológica de Doñana, em Sevilha, Espanha.

A Palombar, no âmbito do projeto LIFE Rupis, monitoriza aves anilhadas, partilhando informação sobre estas com várias entidades nacionais e internacionais, bem como faz a anilhagem de aves de modo a assegurar o seu seguimento e avaliação.


A anilhagem é uma ferramenta indispensável para o estudo científico das aves e dos seus movimentos e migrações. A análise das deslocações de aves anilhadas permite definir as suas rotas migratórias e conhecer as áreas de repouso ou paragem, bem como obter informação crucial para orientar medidas de conservação efetivas e para guiar o planeamento de sistemas integrados de áreas protegidas para defesa da avifauna.


Adicionalmente, a informação recolhida através da recaptura de aves anilhadas permite obter um conjunto de parâmetros populacionais importantes, tais como a taxa de sobrevivência e o sucesso reprodutor. Estes dados são essenciais para determinar as causas de variações numéricas observadas nas populações de aves e para delinear estratégias de conservação das espécies.


Em Portugal, nidificam algumas centenas de casais de grifos, mas a sua distribuição é fortemente assimétrica. O grifo distribui-se sobretudo pelo interior do território nacional, sendo mais comum junto à fronteira com Espanha. As principais zonas de reprodução situam-se no Nordeste Transmontano, que alberga mais de metade da população portuguesa desta espécie. O grifo está presente no nosso país ao longo de todo o ano, mas efetua movimentos amplos fora da época de reprodução, surgindo então noutras zonas do território.


Sobre o projeto LIFE Rupis


O “LIFE Rupis – Conservação do Britango (Neophron percnopterus) e da Águia-perdigueira (Aquila fasciata) no vale do rio Douro” (www.rupis.pt) é um projeto de conservação transfronteiriço, com a duração de quatro anos (2015 – 2019), cofinanciado através do programa LIFE da Comissão Europeia.


 O projeto “LIFE Rupis” é coordenado pela Sociedade Portuguesa Para o Estudo das Aves (SPEA) e conta com vários parceiros nacionais e internacionais, entre os quais a Palombar.

O projeto, que decorre em território português e espanhol, mais concretamente na Zona de Proteção Especial (ZPE) Douro Internacional e Vale do Águeda e na Zona de Especial Protección para las Aves (ZEPA) Arribes del Duero, pretende implementar ações que visam reforçar as populações de duas espécies prioritárias da Diretiva Aves nesta região, nomeadamente o britango (Neophron percnopterus) e a águia-perdigueira (Aquila fasciata), através da redução da sua mortalidade e do aumento do seu sucesso reprodutor.


As ações do “LIFE Rupis” beneficiam também outras espécies com estatuto de conservação igualmente desfavorável como é o caso do abutre-preto (Aegypius monachus) e do milhafre-real (Milvus milvus). As populações de todas estas espécies encontram-se em declínio, estando globalmente ameaçadas, em particular na Península Ibérica.


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